sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Futebol de Gabinete



Sporting Clube de Portugal: Case Study de 09/10 – Parte I

Hoje citamos um acontecimento, uma lição talvez, de como ter os piores 5 meses de uma época, quem sabe, de uma história de um clube. Refiro-me, obviamente, à gestão desportiva e financeira do Sporting Clube de Portugal neste início e consequente decorrer da época. Apontarei aquilo que para mim foram alguns erros cruciais e atitudes irreflectidas que foram tomadas por todos os intervenientes.

A pré-época do Sporting começa com as novas eleições para os órgãos sociais, culminando com a saída (já conhecida) de Soares Franco e a entrada de Bettencourt. Na escolha para o principal candidato à nova liderança, deu-se o primeiro su-ru-ru em Alvalade, com a polémica de que o actual presidente fora nomeado enquanto o verdadeiro e principal candidato, José Eugénio Dias Ferreira, se ausentara por 10 minutos em detrimento de um «aperto intestinal».

O 2º aspecto tem a ver com a esmagadora vitória do novo presidente Bettencourt e logo sobre um adversário de grande prestígio na sociedade portuguesa e que prometera nomes como o treinador Ericksson. Ao dar tamanho voto de confiança ao Sr. Bettencourt, os sportinguistas “enfraqueceram” o próprio clube e vou explicar porquê. O excessivo apoio, como se veio agora a revelar, ao actual presidente culminou no acomodar da situação do clube e no desinvestimento do plantel de futebol, já que acredito que o presidente tenha pensado que com tamanha votação e com uma classificação sempre razoável, especialmente à frente do Benfica, os destinos do clube e o prestígio e imagem do seu presidente estariam sempre assegurados (afinal de contas ninguém antes tinha feito mais que isso). Seguidamente, a abordagem ao plantel de futebol por parte da direcção e o contraste entre os objectivos assumidos pela direcção e a esperança dos adeptos nunca acabaram por convergir.

E assim seguimos para o 3º problema diagnosticado: o director desportivo e o plantel de futebol. Como sabem os sportinguistas acerca do ex-director desportivo, o Pedro Barbosa, nunca teve um papel de destaque, importância e peso na estrutura do clube. Um elemento que nunca se conseguiu impor, que raramente acertou nas contratações e que, além disso, causava instabilidade junto do banco de suplentes com imensos insultos aos árbitros e recebendo, inclusive, assobios dos próprios adeptos. Para mim, teria de ter sido o primeiro a “cair”.

O treinador Paulo Bento. O ex-benfiquista foi um fenómeno raro em Alvalade. Nunca um treinador despertara tanto sentimento (bom e mau) no clube de Alvalade, pelo menos nos últimos 20 anos. Paulo Bento assumiu-se como uma figura por vezes ridicularizada, por vezes excessivamente disciplinada. Emocionalmente instável, teimosamente individualista e irritantemente inamovível, o ex-treinador do Sporting acabou por sair pela porta pequena, a meu ver sem qualquer culpa própria e vítima do descalabro de toda a estrutura, a começar com a entrada de José Eduardo Bettencourt.

Obrigado a gerir um plantel com enormes lacunas e, ainda por cima, a ter de, com este, assumir uma luta pelo título completamente irreal, Bento apenas pecou pelo facto de, tal como Pedro Barbosa, não se conseguir assumir perante os argumentos da direcção. Não acredito que as lacunas não estivessem identificadas pelo treinador. Defesa direito, defesa central, defesa esquerdo e, essencialmente, um avançado de classe para o sistema táctico que se queria implementar.

Com todos os problemas a decorrer ao passar a época, começou o próprio presidente a descambar e a tecer afirmações das mais cruéis, inúteis e imbecis alguma vez citadas por um presidente do Sporting. Consideremos Sousa Cintra, mas esse era sempre na brincadeira. O presidente do Sporting perdeu, pelo menos, 1/3 dos seus apoiantes e para muitos mais, o crédito que obtivera à 5 meses atrás.

Como vemos, é caldo a mais para a sopa que se quis dar a comer aos adeptos do clube, agora revoltados, transtornados e desanimados. Basicamente: uma época para esquecer e cujos efeitos não sabemos até quando se prolongarão.

Jorge Manuel Honório

2 comentários:

Anónimo disse...

GESTÃO DANOSA!!!

Anónimo disse...

Danoso é este post.