quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Futebol de Gabinete

Uma classe legítima


Anos e anos e continuamos a ouvir, consecutivamente, os mesmos zun-zuns, sempre acerca dos mesmos assuntos mas que não passam, efectivamente, dessa designação. Citando um conhecido comentador da televisão portuguesa, é caso para dizer que não há nada como estudar coisas sérias com o mesmo espírito de quem lê receitas de bacalhau!

A profissionalização da arbitragem em Portugal tornou-se, parece, um tema tabu na sociedade do futebol. O presidente da Liga Hermínio Loureiro prometeu e promoveu, inclusive, aquando da entrada em funções, aquilo a que chamou a urgência da profissionalização dos árbitros.

Na minha opinião e no actual momento, são indispensáveis novos avanços nesta área face a uma classe tão desprestigiada e “abatida” pelos adeptos e pelos próprios intervenientes. Num espectáculo de profissionais, não se justifica que todos os intervenientes, desde jogadores a staff técnico, o sejam e apenas os árbitros andem lá num “part-time” sem qualquer especialização rigorosa e criteriosa. Em adição, está mais que provado que a classe da arbitragem é bastante influente na decisão do resultado final de um jogo, isto apesar das tentativas do “passa despercebido” e, inclusive, de ser o único elemento no terreno que não entra em contacto com o objecto do jogo.

Questionamos: então e o que muda com a profissionalização? Desde já uma coisa tem sido certa em outras áreas, que a profissionalização/privatização e os respectivos métodos de gestão são claramente melhores e beneficiam a produtividade e o rendimento via objectivos. A arbitragem não é diferente, desde que os indivíduos se dediquem à função a tempo inteiro e desse modo se consiga retirar os “outputs” que todos queremos e que acabarão com as suspeições e dignificarão, mais, um jogo de futebol.

É então decisivo que seja adoptado um sistema que promova formação profissional de excelência, com prémios por objectivos e notas e salários ao nível dos auferidos pelos dirigentes dos clubes, tudo isto “ancorado” a uma responsabilização séria da pessoa que gere a equipa. Porque não um modelo de avaliação como tanto se ouviu falar nestes anos? Uma coisa é certa: ou acabava a corrupção já que os profissionais passariam a ter de preservar o emprego, ou os corruptos eram demitidos e julgados, tal como acontece no mundo empresarial.

Parece que as promessas do presidente da liga não passam, afinal, de uma receita sem confecção possível.


Jorge Manuel Honório

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