Federação Internacional da Fanfarra e Aberraria
Para variar e em mais um ano de mundial cujo verdadeiro espectáculo ainda não teve início e já estamos cansados de televisões e jornalistas, diria mesmo até de nós próprios, verificou-se o primeiro incidente com jornalistas espanhóis e portugueses num hotel sul-africano, seguido de um assalto a jogadores da selecção grega. Tais acontecimentos levantam os já anteriormente falados aspectos de segurança de grandes eventos em países com grandes dificuldades sociais, aspectos que são agora levados ao extremo ao constatar que facilmente um bando de marginais consegue entrar num hotel perto da capital do país. Creio que tal receio será perfeitamente legítimo atendendo a que as estatísticas do país registam uma média de 50 assassínios por dia.
Para variar e em mais um ano de mundial cujo verdadeiro espectáculo ainda não teve início e já estamos cansados de televisões e jornalistas, diria mesmo até de nós próprios, verificou-se o primeiro incidente com jornalistas espanhóis e portugueses num hotel sul-africano, seguido de um assalto a jogadores da selecção grega. Tais acontecimentos levantam os já anteriormente falados aspectos de segurança de grandes eventos em países com grandes dificuldades sociais, aspectos que são agora levados ao extremo ao constatar que facilmente um bando de marginais consegue entrar num hotel perto da capital do país. Creio que tal receio será perfeitamente legítimo atendendo a que as estatísticas do país registam uma média de 50 assassínios por dia.
Perante o evidente fracasso da procura de serviços para uma das maiores organizações mundiais e presentes pela primeira vez num país africano, interessa criticar a política de selecção completamente desastrosa da FIFA, quer no plano económico, quer no plano desportivo, quer no plano social. Em termos económicos, as exigências relativas ao plano de construção de novos estádios e de capacidades de audiência limitadas a um número elevado de espectadores são uma verdadeira «bomba» nos orçamentos destes países pobres que viverão completamente «afogados financeiramente» durante muitos e muitos anos (aliás como aconteceu com Portugal e tema que já escrevi anteriormente). Como sucedeu cá, daqui a menos de 5 meses começarão os políticos africanos a pensar (pelo menos) implodir os estádios que meses antes foram construídos. Em Portugal, apenas por vergonha e medo ainda não o foi feito. Em termos desportivos, outro desastre, já que as receitas em bilheteira nunca anteriormente foram tão diminutas, assim como a restante procura de serviços inerentes a toda a organização deste mundial. Quando existem apelos e indicações dos próprios jogadores para que os familiares não se dirijam àquele país, algo parece estar mal. No plano social passa a prevalecer uma «mistura explosiva» entre pessoal de alto rendimento, staff’s de todos os países, políticos estrangeiros, treinadores, jornalistas, investidores e uma pobreza extrema de salário médio diário do equivalente a 2 ou 3 libras.
Ver este panorama num país que terá a poucos metros de distância das barracas, onde residem mais de 40% dos habitantes nacionais, estádios com mais de 80.000 lugares é no mínimo asqueroso por parte da FIFA e dos governantes locais.
A visão desportiva como alavanca para desenvolvimento de um país não passa de uma miragem e de uma maneira de agravar todas as condições de vivência destes povos, isto porque não existe competitividade e rendimentos locais compatíveis com as exigências praticadas pelas organizações mundiais de grandes eventos desportivos. De hoje em diante, o povo sul africano carregará o fardo de pagar a dívida contraída para a construção de todas as infraestruturas que lhes foram exigidas.
Haja fome ou haja frio, tal terá de ser pago seja qual for a via. Resta esperar que esses sacrifícios não tenham um início mais prematuro que o desejado, para o bem de todos aqueles que participarão neste grande evento.
Jorge Manuel Honório, Finance analyst
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