sexta-feira, 7 de maio de 2010

Futebol de Gabinete

Análise e recomendações à liga portuguesa de futebol profissional para o próximo mandato

Com ou sem campeão, começam os amantes do futebol a fazer as habituais previsões para a próxima época…quem será o presidente da Liga de Clubes, as novas contratações do Sporting, as futuras vendas do Benfica ou o próximo treinador do FCP.

Venho hoje destacar, também, um papel que me parece decisivo para além daquelas especulações. O próximo presidente da Liga deverá ser uma pessoa com uma visão e missão bem definidas, capaz de formular uma estratégia, boa ou má, mas capaz de definir uma meta para o período em que exercerá funções. Neste sentido, decidi deixar aqui algumas indicações que eu tomaria caso fosse nomeado para tal cargo. No curto prazo, seria para mim decisivo tomar quatro medidas principais e acabar o primeiro mandato com elas cumpridas.

Em primeiro lugar, avançar com a profissionalização dos árbitros e isso não para «descentralizar a bandalheira», mas sim para que seguidamente se possa avançar com o intercâmbio europeu de árbitros. Esta medida é fundamental para a verdade do futebol e para quem não quer, por nada, a adopção dos meios tecnológicos. Só assim se consegue dar fim às suspeições de clubismos aquando das nomeações dos árbitros portugueses.

Em segundo lugar, avançaria com o famoso «9+2» no 2º ano do mandato. Este sistema consiste na obrigatoriedade de cada equipa portuguesa ter de entrar em campo com 2 jogadores portugueses (mínimo) e esses dois jogadores só poderem ser substituídos ao fim de 40 minutos, excepto se por outro português. O «9+2» passaria a «8+3» no 3º ano do mandato e até ser possível concretizar o «7+4» final. Esta era uma medida destinada a defender o futebol português e a trazer maiores benefícios, equilíbrio e nacionalidade à selecção nacional.

Em terceiro lugar, uma medida algo polémica mas para defender a saúde financeira dos clubes e promover maior justiça na competitividade do campeonato: limites ao endividamento. Neste sentido, os clubes portugueses passariam a ter um limite máximo de aumento do passivo em 20%. Suponhamos que um clube tinha um passivo de 100. Em cada ano, ele só poderia gastar 20. Claro que caso vendesse um jogador por 30, aí poderia endividar-se em 50. É uma medida que garante o nosso futebol por muitos anos, o defende de dirigentes corruptos ou mal intencionados (caso do Boavista, por exemplo) e não dá azos a «operações corações». Com esta medida, clubes como o Salgueiros, o Farense ou o Boavista não teriam «acabado».

Por fim, uma última medida, a menos importante, poderia passar por uma lei que permitisse um máximo de 2 treinadores por clube, por época. É uma medida que promoveria maior exigência sobre quem gere o clube e onde se impediria de «enchovalhar» os treinadores como muitas vezes se faz. Com esta medida, os culpados passariam a ser os dirigentes porque teriam sido eles os responsáveis pelos 2 treinadores que foram colocados no clube.

Este seria o meu programa para um mandato à frente da Liga de Clubes e não escondo que teria muita satisfação caso visse algumas destas medidas adoptadas nos próximos anos.


Jorge Manuel Honório, Finance analyst

2 comentários:

MarBurG disse...

Não sei se deste conta mas a comissão de arbitragem vai passar de novo para a federação.

Jorge Manuel Honório disse...

Não, mas eu não conheço os precaminhos todos destas coisas da bola. Entende-se, então, no sentido de tecer alguma influência junto, para que tal seja possivel