Operação coração de leão
Os últimos 2 meses foram atribulados para o futebol português, com os principais dirigentes e técnicos envolvidos numa escaramuça lamentável, imprópria de um país desenvolvido e própria de uma nação completamente à deriva ou como diria um amigo meu, referindo-se a um jogador do Sporting: um barquinho de borracha sem remos no meio do oceano.
No meio da confusão e distracção com todo o aparachik da selecção, aproveitou o Sporting para realizar mais uma reestruturação financeira, desta feita, a segunda operação nos últimos 6 anos em função da necessidade de cobrir os prejuízos apurados neste período e permitir prorrogar o vencimento das dívidas à banca. A operação pretende desvalorizar o valor nominal das acções de 2 € para 1 € para, posteriormente, realizar um aumento de capital em 18 milhões de euros através da emissão de títulos convertíveis em acções. Ao contrário do que vem sendo anunciado em alguma comunicação social, a operação não se destina nem permitirá reforçar o plantel de futebol, no que respeita à reestruturação só por si, na medida em que, segundo apurei, o clube irá participar no aumento de capital através de novo financiamento bancário e os recursos que obterá serão utilizados para abater dívida bancária no mesmo montante. Como sucede em todas as operações de reestruturação financeira, o banco exige colaterais para a prorrogação do capital em dívida. Tais garantias poderão passar pelo reforço de hipotecas de imóveis ou aumento da taxa de juro. Isto para dizer que, apesar do Sporting ficar mais folgado anualmente em prestações, no futuro pagará muito mais juro e dívida por um maior número de anos.
A meu ver, esta operação começa a indiciar muitas dificuldades em obter aumentos de capital por parte da Sporting, SAD, tendo a administração que recorrer à desvalorização do valor de cada acção. Quem fica a perder são os antigos accionistas que têm 2 euros na mão e passarão a ter apenas 1 euro, para o mesmo número de títulos. Basicamente, na minha opinião, trata-se de um incentivo para tentar atrair mais investidores, pois baixando o valor das acções elas ficam mais baratas para quem quiser subscrever. É a única explicação que encontro para se proceder a uma operação deste tipo.
O ano de 2009 foi o pior dos últimos 8 anos do Sporting, pelo menos financeiramente, mesmo atendendo a que a receita neste ano foi muito superior à de 2002, por exemplo. Neste sentido e com o mais recente acréscimo de competitividade dos clubes rivais, os anos de 2013 e 2014 adivinham-se como decisivos para o Sporting e, caso as receitas não subam, ou o clube diminui o orçamento para contratações ou, caso contrário, poderá vir a deparar-se com uma situação de incumprimento. Desconheço se tem ou não mais património para hipotecar, mas se não tiver provavelmente ficará completamente dependente da venda de jogadores e outras reduções de custos. Mas depois coloca-se o problema: vender quem e por quanto, já que o justo valor da maior parte dos jogadores está abaixo do valor de aquisição ou das cláusulas de rescisão, sem valorizações à vista.
Nota: não sou especialista nem tenho formação em análise financeira de SAD’s e activos desportivos, pelo que aqui descritas estão meras opiniões de quem analisa balanços diariamente, não estando alheio a quaisquer erros de análise neste campo.
Jorge Manuel Honório, Gestor de risco
Os últimos 2 meses foram atribulados para o futebol português, com os principais dirigentes e técnicos envolvidos numa escaramuça lamentável, imprópria de um país desenvolvido e própria de uma nação completamente à deriva ou como diria um amigo meu, referindo-se a um jogador do Sporting: um barquinho de borracha sem remos no meio do oceano.
No meio da confusão e distracção com todo o aparachik da selecção, aproveitou o Sporting para realizar mais uma reestruturação financeira, desta feita, a segunda operação nos últimos 6 anos em função da necessidade de cobrir os prejuízos apurados neste período e permitir prorrogar o vencimento das dívidas à banca. A operação pretende desvalorizar o valor nominal das acções de 2 € para 1 € para, posteriormente, realizar um aumento de capital em 18 milhões de euros através da emissão de títulos convertíveis em acções. Ao contrário do que vem sendo anunciado em alguma comunicação social, a operação não se destina nem permitirá reforçar o plantel de futebol, no que respeita à reestruturação só por si, na medida em que, segundo apurei, o clube irá participar no aumento de capital através de novo financiamento bancário e os recursos que obterá serão utilizados para abater dívida bancária no mesmo montante. Como sucede em todas as operações de reestruturação financeira, o banco exige colaterais para a prorrogação do capital em dívida. Tais garantias poderão passar pelo reforço de hipotecas de imóveis ou aumento da taxa de juro. Isto para dizer que, apesar do Sporting ficar mais folgado anualmente em prestações, no futuro pagará muito mais juro e dívida por um maior número de anos.
A meu ver, esta operação começa a indiciar muitas dificuldades em obter aumentos de capital por parte da Sporting, SAD, tendo a administração que recorrer à desvalorização do valor de cada acção. Quem fica a perder são os antigos accionistas que têm 2 euros na mão e passarão a ter apenas 1 euro, para o mesmo número de títulos. Basicamente, na minha opinião, trata-se de um incentivo para tentar atrair mais investidores, pois baixando o valor das acções elas ficam mais baratas para quem quiser subscrever. É a única explicação que encontro para se proceder a uma operação deste tipo.
O ano de 2009 foi o pior dos últimos 8 anos do Sporting, pelo menos financeiramente, mesmo atendendo a que a receita neste ano foi muito superior à de 2002, por exemplo. Neste sentido e com o mais recente acréscimo de competitividade dos clubes rivais, os anos de 2013 e 2014 adivinham-se como decisivos para o Sporting e, caso as receitas não subam, ou o clube diminui o orçamento para contratações ou, caso contrário, poderá vir a deparar-se com uma situação de incumprimento. Desconheço se tem ou não mais património para hipotecar, mas se não tiver provavelmente ficará completamente dependente da venda de jogadores e outras reduções de custos. Mas depois coloca-se o problema: vender quem e por quanto, já que o justo valor da maior parte dos jogadores está abaixo do valor de aquisição ou das cláusulas de rescisão, sem valorizações à vista.
Nota: não sou especialista nem tenho formação em análise financeira de SAD’s e activos desportivos, pelo que aqui descritas estão meras opiniões de quem analisa balanços diariamente, não estando alheio a quaisquer erros de análise neste campo.
Jorge Manuel Honório, Gestor de risco
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