O secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, defendeu esta tarde, em conferência de imprensa, a suspensão de seis meses aplicada a Carlos Queiroz. O governante acusou o seleccionador de violar as normas antidoping e pediu «coragem à federação para tomar decisões».
«Concordo com o castigo e acho que decisão ajusta-se ao que se encontra nos autos. Houve, no meu entender, e no da ADOP, violação das normas antidoping», disse Laurentino Dias.
Sem querer pronunciar-se directamente sobre quais as medidas a tomar pela Federação, face à suspensão do seleccionador nacional de futebol, o governante passou A BOLA para a FPF.
«O que espero da FPF e do seu presidente é que estejam à altura das suas responsabilidades. E que no exercício das suas funções garantam transparência, credibilidade, dignidade, e que tomem decisões que entendem ser as melhores para o futebol português. Decisões que só a eles competem e não a mim, mas que tomem decisões. As que entenderem, para bem do futebol português», disse.
Confrontado pelos jornalistas sobre se o treinador tem condições para se manter à frente da Selecção Nacional, Laurentino Dias explicou que pelas suas funções deve abster-se de dar opinião pessoal. Pelas suas palavras, no entanto, subentende-se que não defende a continuidade do treinador: «Tenho todo o gosto em responder que era preciso haver coragem para tomar decisões. Nas que me competem respondo, nas que não me competem, que responda quem deve.»
O governante deixou claro que «as penas aplicadas não influem nem relevam para contratos profissionais de técnicos ou atletas com clubes ou federações», mas também se mostrou agastado com as palavras de Carlos Queiroz nas várias entrevistas que tem dado: «Os portugueses estão fartos de truques de comunicação. E nós também estamos», disse, reforçando, logo de seguida: «E nós também estamos».
ADoP comparada a PSP, GNR e ASAE
O ataque de Laurentino Dias às palavras de Carlos Queiroz foi mais longe. O seleccionador queixou-se de justiça governamental, alegando que a ADoP estaria a julgar em causa própria. O governante desferiu violento ataque: «A ADoP é uma autoridade pública, que tal como a PSP, GNR, outras organizações, exerce na sua missão funções de fiscalização. A ideia de justiça governamental é uma tentativa sem êxito de procurar desviar as atenções da questão fundamental. Essa era saber se houve ou não perturbação de acção de controlo antidoping . Justiça governamental? Não! Há apenas aplicação e fiscalização do cumprimento da lei. Quando a PSP ou GNR nos interpelam a propósito do consumo de álcool estão a executar justiça governamental ou a cumprir a lei? Quando a ASAE visita feiras está a executar justiça governamental? Não há justiça governamental, há justiça. Só».
O secretário de Estado do Desporto disse várias vezes que o processo respeitou escrupulosamente a lei portuguesa e recusou a ideia de ser ilegal que a ADoP tenha tomado a si a decisão do processo: «Mal seria se alguém pudesse tratar mal um juiz e dizer depois que não pode ser julgado por um juiz, pois seria julgado por alguém tão juiz como o que ele teria maltratado. O presidente da ADoP declarou desde o primeiro minuto que estava impedido de participar no processo por ser o ofendido. Depois desse impedimento, nada impede a ADoP de tomar decisões».
Fonte: A Bola
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