quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Futebol de Gabinete



Análise financeira ao Relatório & Contas do Futebol Clube do Porto – Parte I


Para iniciar a habitual rubrica do Futebol de Gabinete, quero desde já esclarecer que após as assembleias gerais para a aprovação dos Relatórios & Contas do Futebol Clube do Porto e do Sport Lisboa e Benfica, decidi iniciar o habitual balanço da actividade dos clubes começando pelo FCP já que foi o primeiro, dos dois clubes, a aprovar as respectivas contas em Assembleia Geral dos órgãos sociais. Neste sentido, inicio a minha análise tal como fiz com o Sporting Clube de Portugal. Esta semana analisarei (resumidamente) o desempenho financeiro do clube na temporada anterior e, para a semana, criticarei a situação patrimonial e financeira.

Proveitos do exercício. A facturação do clube (prestações de serviços e vendas) cresceu 20% no período homólogo, valor correspondente, praticamente, a receitas desportivas, publicidade ou direitos de transmissões. Saliente-se que o grande aumento neste campo deveu-se ao contributo das receitas desportivas que cresceram mais de 6 milhões de euros.

Custos do exercício. Os custos com pessoal aumentaram 23%, com destaque para os atletas e os técnicos, com aumentos totalizados de 7 milhões de euros. O clube registou perdas por imparidade que cresceram mais de 2 milhões de euros, situação que não é claramente explicada por este relatório, na medida em que não existe informação, mas apenas que se referem a letras vencidas relativamente à “alienação de direitos de transmissões televisivas”. Em função do sucedido, os resultados operacionais caíram 12%.

Encargos financeiros. Relativamente ao aumento dos custos financeiros em 2 milhões de euros, deveram-se, como é normal, ao aumento do pagamento de juros a instituições financeiras. O peso destes encargos na margem líquida de negócio do clube é de apenas 64%, o que indica um controlo aceitável na gestão da dívida junto da banca.

Lucro/Prejuízo da sociedade. O resultado decorrente da transacção de jogadores ascendeu a 40 milhões de euros que, em comparação com os 35 milhões da época passada, permitiu maior margem às contas do ano actual. Neste sentido, o lucro final foi de 5 milhões de euros, menos 2 milhões de euros que no ano de 2007/2008.

Para concluir, resta declarar que, mais uma vez e mesmo no caso do clube com as melhores contas em Portugal, isto revela que os mesmos representam actividades com grandes dificuldades e défices financeiros em Portugal, apenas suportados por grandes níveis de capitalização e pelo estatuto de “empresas públicas” de que praticamente gozam.

Nota: estes dados podem ser consultados/confirmados no Relatório & Contas de 2008/2009 no site oficial do FCP


Jorge Manuel Honório

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