segunda-feira, 20 de julho de 2009

Canto Curto

Uma questão de “miolo”

A fase de preparação da época que se avizinha já começou. Com ela rapidamente chegam as euforias e os entusiasmos. No que toca aos técnicos das equipas, existem outras preocupações neste momento iniciante da época. Preocupações essas, um pouco “ocultas” aos olhos dos mais entusiastas, que se preocupam mais em apreciar as conquistas de pré-época.
É no parâmetro técnico que nos situamos, e são estes momentos que servem para incutir à equipa uma “filosofia de jogo”, para limar arestas, para conseguir uma adaptação consistente ao sistema de jogo, etc.… Outros dos pontos importantes é o facto de se poder usar e abusar de experiências, nos respectivos sistemas tácticos, umas mais acertadas que outras, mas é essencialmente neste período que elas podem e devem ser realizadas.
Ao contrário do que no ano passado se via para os lados vermelhos da segunda circular, onde a meras jornadas do fim do campeonato, essas experiências ainda estavam a desenrolar-se. Este ano o cenário é bem diferente, Jorge Jesus, técnico encarnado, não se mostra muito adepto de rodar a equipa, não “experimentando” jogadores mais jovens e de segunda linha. É um facto. Mas facto também, é que há certas situações, em que se vê rapidamente, que não se pode sequer arriscar em determinada “experiência” novamente.
Com os sucessivos jogos que o Benfica realizou, uma ideia já ficou presente. A equipa ainda se mostra um pouco deficitária no meio campo, principalmente no defensivo, onde não consegue fazer uma circulação rápida, e ter uma boa posse de bola. E curioso é o facto, de ser aí, exactamente, na posição (6), que Rui Costa procura alternativas no mercado. É certo que Ruben Amorim se encontrava lesionado, não estando na melhor forma, mas por aí o Benfica até está bem servido, visto o Português oferecer condições mínimas, para ocupar aquela posição, também podendo usar a sua polivalência na interior direita. O problema é alternativa e concorrência, visto Amorim ser apenas um “6”, que cumpre neste esquema em losango. Falta alguém para fazer a diferença naquele sector, a diferença a nível de passe, de velocidade de execução, de transição rápida e também a nível táctico. Neste parâmetro, o Benfica possui uma opção de futuro (Fellipe Bastos), mas pelos vistos, a opção dos encarnados será empresta-lo para rodar. Mas curiosamente, o jogador mais utilizado nesta pré-época nessa posição, é exactamente a antítese de tudo o que foi falado anteriormente. Yebda, que é um protótipo de um trinco “à antiga”, já mostrou que não serve, e daí talvez o Benfica já andar a procurar alternativas de mercado.
Jesus certamente, aproveitou o facto, das “experiências” de pré-época para se aperceber, que há situações que não dá para repetir. Aliás, o Benfica se aceitasse vender o médio Francês, só teria lucro, visto ele se ter transferido há um ano a custo zero. E a única utilidade que eu vejo no Gaulês, neste esquema, será entrar nos minutos finais, quando o Benfica estiver a ganhar escassamente, com o fim de segurar o meio-campo, mas nunca numa posição central, ou na interior ou então em situação de duplo-pivôt.
É desta forma, que o problema do Benfica passa pelo “miolo”. E o futuro vem agudizar ainda mais a situação. Com a chegada de Ramires, para a interior direita (posição 8), o meio-campo benfiquista, vai ganhar enormes capacidades atléticas, tácticas, … Mas perderá certamente em qualidade, visto o Brasileiro ser um “poço de força”, que vai imprimir muita consistência ao “miolo”, mas diminuir em qualidade técnica. Daí ser ainda mais urgente, compensar com qualidade na posição 6.
Posso resumir, que nesta fase principiante da temporada, Jesus mostra que quer “utilizar o miolo”. Aproveitando os vários ensaios, para se aperceber das fraquezas da equipa.

João Vasco Nunes

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