quinta-feira, 30 de julho de 2009

Futebol de Gabinete

Mudar o Futebol

Dizem que, com as crises, as desigualdades económicas e, consequentemente, as sociais são agravadas. Olhando para o futebol, verificamos que essas desigualdades parecem ser agravadas cada vez mais e, no entanto, é uma indústria que parece não atravessar qualquer crise. Pensamos: como será possível? A verdade é que está provado que a indústria do futebol pouco foi afectada com esta crise financeira, pelo menos ao olharmos para os chamados “gigantes”. Isto significa que, em grande parte, as instituições de crédito continuam a acreditar nas rentabilidades desta indústria, disponibilizando e abdicando de grandes verbas ao serviço dos clubes. Uma coisa é óbvia! As aclamadas vantagens do capitalismo não chegaram a todos os clubes, o que contribuiu para agravar a “factura” dos mais pequenos face aos grandes que conseguem crédito fácil junto das instituições. Reflectindo neste assunto, é certo e assumimo-lo que, em Estados abertos à livre circulação de pessoas, bens e capitais, a economia impera e dita as condições produtivas e distributivas vigentes nos diferentes países mas, no entanto, não sou da opinião de que isso deva vigorar no desporto em geral e no futebol em particular.
Consequentemente, sou da opinião de que deveriam ser tomadas as medidas necessárias de forma a promover maior igualdade de oportunidades no futebol e, dessa forma, pudessem sobressair novos clubes todos anos, para além de que (e não tenho quaisquer dúvidas) seriam premiadas as instituições que formassem jovens nacionais de qualidade e com o devido benefício para o incentivo ao desporto no país e para o rejuvenescimento das selecções nacionais. Tomando como exemplo um clube português, tenho poucas dúvidas de que, impostas restrições e preços base para saídas de jogadores formados “em casa”, o Sporting era hoje um clube com outra visibilidade e um dos principais clubes europeus. Deixo então três sugestões muito gerais aos responsáveis máximos do futebol, ideias que obviamente necessitariam de legislação adequada de suporte, mas que deixo ao critério de quem faz decretos:

1. Adoptar um mínimo de jogadores nacionais a alinhar de início e, pelo menos, até ao fim dos primeiros 45 minutos (8 nacionais + 3 estrangeiros);

2. Escalões de tributação sobre transferências de nacionais a clubes estrangeiros com facturação superior a x milhões de euros (Exemplo: um clube grande ao pretender adquirir um atleta estrangeiro a um clube de menor dimensão, pagaria cerca de 30% dos resultados líquidos desse ano ao clube vendedor e um imposto de 10% a reverter para o clube de formação desse jogador);

3. Estabelecimento de uma idade mínima para a saída de um jogador nacional em direcção a um clube estrangeiro com um volume de negócios superior a y. Caso saia antes da idade estipulada, o comprador seria taxado a 50% dos resultados do exercício, para além do valor do passe do atleta.

Jorge Manuel Honório

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