Análise financeira ao Relatório & Contas do Futebol Clube do Porto – Parte II
Esta semana e oferecendo continuidade à análise iniciada na semana passada ao Futebol Clube do Porto, irei centrar-me na parte mais crítica de qualquer empresa: a sua situação financeira.
A análise à situação financeira será discriminada em 3 grupos: Activo (meios ao dispor e a haver pelo clube), Passivo (dívidas do clube) e Capital Próprio (fluxos financeiros dos sócios e acumulados nos diferentes anos).
Iniciando a análise da variação dos elementos do Activo, destaco o “Valor do Plantel” e as dívidas de clientes a haver. Quanto ao primeiro, constatou-se uma valorização do plantel em 14%, em função da diferença entre a aquisição e a alienação de passes de atletas. Nas aquisições, destaque para 70% do passe de Rodriguez, 100% de Pelé e Mariano González e 50% de Hulk. Nas alienações, refiram-se as transacções de Ricardo Quaresma e Lucho que representaram 90% do total das mais-valias. O plantel passou de uma valorização de 50 milhões de euros para 57 milhões de euros, considerando-se, assim e em linguagem financeira, que houve investimento real. Relativamente ao aumento das dívidas a receber de clubes, destaca-se o Real Madrid como o principal devedor, dívida relativa à venda do luso-brasileiro Pepe. As dívidas em 2008 eram de 13 milhões de euros (dívidas exclusivas do Real Madrid), ascendendo aos 25 milhões em 2009, onde por sua vez se assumiram como principais devedores o Marselha, o Inter de Milão e, mais uma vez, o Real Madrid. Em função destes aumentos, o Activo do FCP valorizou um total de 15%.
No passivo importa salientar o aumento da dívida de curto prazo, tendo especial atenção ao peso que representa o empréstimo obrigacionista* subscrito em 2006, com maturidade em 2009 e ao qual está a ser preparada uma operação de reestruturação do mesmo com vista a capitalizar os efeitos temporários na tesouraria de curto prazo. Para além da pressão financeira associada à actual maturidade do mesmo, é de alertar igualmente para o aumento da dívida bancária a menos de 12 meses, crescendo dos 44 milhões para os 55 milhões de euros.
No total, o Passivo do FCP aumentou 14% no período homólogo e devido, basicamente, ao aumento da dívida à banca, já que o empréstimo obrigacionista está a ser “trabalhado” no sentido de o capitalizar.
Em jeito de conclusão, basta “rematar” dizendo que o FCP é assumidamente e indiscutivelmente o clube português com maior equilíbrio financeiro e o único, dos 3 grandes, que não se encontra em insolvência e a necessitar de injecção de capital.
* Empréstimo obrigacionista consiste numa ferramenta de índole financeiro e onde uma empresa lança uma Oferta Pública de Subscrição e que consiste, “trocado por miúdos”, na venda pública de dívidas do clube de modo a aliviar a pressão do excesso de passivo. Venda sujeita à procura no mercado e à aplicação de juros.
Nota: estes dados podem ser consultados/confirmados no Relatório & Contas de 2008/2009 no site oficial do FCP
Jorge Manuel Honório
3 comentários:
ena, ena! O Batanete todo engraçadinho na foto. Até parece uma pessoa normal. ehehehe
Esta é claramente a imagem nova do Sporting. Depois do risco ao meio a solução só pode passar por esta jovem promessa!
Para licensiado percebes pouco do que estudaste.Com gestores como tu é que o país ta assim.Que cómico.Já me mijei a rir.
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