domingo, 18 de abril de 2010

Canto Curto

Tese final de licenciatura

Esta semana o Canto Curto irá aparecer um dia mais cedo face ao jogo decisivo que se disputa este domingo: Académica - Benfica, pois é sobre ele que vou escrever, logo a razão de tal antecipação.
Tive oportunidade de falar esta semana sobre o assunto, no nosso programa Treinador de Bancada. Antes do derby de Lisboa considerei esta partida como sendo de igual importância à que se disputou na terça. Muito simples. Se o Benfica sair derrotado hoje de Coimbra volta novamente o medo da deslocação ao Dragão a pairar sobre os adeptos benfiquistas. Muitos pensavam que essa missão apenas podia estar ao alcance do Sporting, e que passado esse teste o título estaria arrumado, mas no meu ponto de vista o Benfica para ter o título (praticamente) assegurado teria que vencer tanto o Sporting como a Académica.
Os estudantes são liderados pelo “treinador da moda”, André Villas-Boas, e em jogos que já observei da Académica frente a grandes, a equipa é muito organizada. O “onze” de Coimbra espelha a imagem do seu treinador, com carácter, sem medo do adversário!
Por tudo isto considero a deslocação do Benfica a Coimbra como um jogo de elevado risco, principalmente depois da vitória do Braga frente aos Leixões. Muitos não acreditam que a equipa possa escorregar hoje, muito menos lhes passa pela cabeça que o título possa fugir, mas atenção que esta noite muito se decide, e muito se pode complicar. Aliás as manchetes desta semana que “ofereciam” já (!) o título ao Benfica, tinham muito pouco de inocentes. Até Domingos, – já para não falar das palavras de Villas-Boas na antevisão ao jogo - o treinador do Braga, já alinhou pelo discurso de louvor ao futuro campeão, ou não, porque tudo isto tem escondido por trás a vontade de adormecer o Benfica e fazer com que os jogadores entrem em descompressão nos desafios que ainda faltam, sendo o desta noite o mais importante para a conquista da Liga 2009/10. Coimbra é a tese final que falta à equipa de Jorge Jesus para alcançar a “licenciatura” que é este campeonato!
A juntar a isto ainda existem outros pequenos factores que podem ser muito determinantes. Esta semana formulei uma tese, que até pode ser pura especulação ou coincidência. Observei que esta época o Benfica apenas perdeu pontos contra treinadores assumidamente (ex-jogadores ou treinadores, não apenas adeptos) afectos aos outros grandes. Veja-se o Braga venceu o Benfica e é liderado por Domingos ex-jogador do porto, depois foi a vez do Olhanense de Jorge Costa a roubar pontos, também ele ex-jogador dos dragões. Ainda temos o Setúbal de Manuel Fernandes, lenda do Sporting, que roubou dois pontos às águias. Só Carvalhal sai fora desta teoria (empate à frente de Marítimo e do Sporting), ainda assim o treinador leonino é um confesso adepto do Braga e ex-jogador, que curiosamente é o adversário do Benfica na luta pelo título. Junto mais um nome à lista, Augusto Inácio, que perdeu as duas vezes com os encarnados, mas numa foi fora e aos 89 minutos na outra esteve a vencer por dois golos, isto mostra a ambição perante os rivais, ele que foi jogador de Porto e Sporting. Isto também se passa com o Porto e Sporting vice-versa, certamente que em outras épocas que disputaram o título, são sempre os treinadores afectos a clubes rivais que têm mais vontade de “prejudicar”, pontualmente falando, o líder.
Para terminar, posso acrescentar que logo à noite vai ser um jogo de “mata-mata” para o Benfica que quer ser camepão, mas nesta lógica anterior pode ser também um jogo decisivo para Villas-Boas. Assim como para Jorge Costa para a semana, ou seja estas duas jornadas vão ser uma espécie de meia-final, entre o treinador da Académica e Olhanense. Ora, se algum deles porventura complicar a vida ao Benfica poderá ganhar vantagem ao outro em relação a quem será próximo treinador do Porto. Aquele que cumprir melhor a missão poderá ganhar este “mata-mata”, até pode não ser o próximo técnico do Dragão, mas certamente que ganha vantagem em relação a um adversário, e atira-o para fora dessa corrida...

João Vasco Nunes

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