segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Canto Curto

Uma questão de oportunidade

Este fim-de-semana foi algo rico, culturalmente falando, para a minha pessoa. No sábado visionei o filme Goal II, pelo qual já nutria alguma ansiedade de o ver, devido ao facto de ter visto o primeiro logo após a sua estreia, já lá vão uns 5 aninhos. Depois estriei-me também nas lides literárias, que há tanto tempo ando para começa-las. Li um romance de Domingos Amaral (esse mesmo que escreve ao Domingo as “cartas abertas” na última página do Record), chamado Amor à 1ª vista.
Ora, o leitor deve estar a interrogar-se o porquê de escrever isto, e onde está a relação com o Futebol? Pois é! O Futebol é como tudo na vida, assiste-se de tudo um pouco, e qualquer exemplo do quotidiano se pode aplicar ao Futebol. Ora, as duas obras a que eu me dediquei este fim-de-semana, falavam ambas de pessoas com sonhos, no Goal um pobre Latino com o sonho de ser jogador de futebol, e no livro um jornalista que tinha o sonho de conhecer uma apresentadora de um concurso de televisão, que diga-se de passagem, “fazia parar o trânsito”. Como é habitual nestas obras, ambos conseguem atingir o seu sonho, através de oportunidades, ou chances, como queiram, que lhes foram concedidas. No futebol nem tudo tem final feliz, mas enquadra-se perfeitamente nesta óptica de oportunismo.
Foi depois de pensar nestes dois exemplos, que fiz um elo de ligação ao futebol. É certo que o futebol, não é uma história fictícia, muito menos as oportunidades no futebol caem do céu, também é certo que quem nasce com o dom, vai ter inúmeras oportunidades, caso não as vá aproveitando. Mas certo é também que, muitas vezes, por qualquer motivo extra futebol, essas oportunidades escasseiam. Tantas vezes se diz que, tal jogador passou ao lado de uma grande carreira.
O Futebol português é rico em exemplos, bons e maus, como em tudo na vida. Quantos “Couceiros da bola”, não tiveram já uma oportunidade, e até num dos “grandes”. Oportunidades essas, que talvez não se justificassem pelos resultados e sucessos obtidos anteriormente, mas o que é certo é que foram “concebidas”. Até podemos pegar no exemplo de Paulo Bento, e sem questionar a sua qualidade ou não, que fez ele até chegar a treinador do Sporting??? Foi jogador, certo! Mas como treinador apenas treinou os Juniores do Sporting!
É nesta linha de raciocínio, que dou graças a algo ter mudado este verão. Há muito que seguia um treinador do futebol português, e admito, que já começava a ter medo de ele terminar a carreira, sem a “sua” oportunidade. Incorformava-me até, com outras tantas personagens do nosso futebol, que nada faziam para ter uma oportunidade, e elas acabavam sempre por aparecer, muitas vezes até cedo de mais.
Este, na minha óptica, era diferente de tudo o resto. Uma das cenas que melhor me lembro, e que serviu para eu o bem distinguir de entre os outros, foi na época passada em Alvalade. Faltavam 15 minutos para o fim do encontro, e a sua equipa (diga-se, longe do poderio dos três grandes) encontrava-se empatada. Comecei por pensar, no que me habituei a ver ao longo da minha infância. Qualquer treinador, que estivesse à beira de um empate na casa de um dos grandes, trataria logo de ir queimando tempo em substituições, tirando atacantes e colocando defesas em campo. Era esta a moda da década passada, e todos o faziam. E se o resultado fosse mesmo o empate, no dia seguinte, nas capas dos jornais, eram figura de destaque, e até apelidados de novos “mestres da táctica”.
A diferença para o que vi no ano passado reside mesmo aí, esse senhor que eu já observava a algum tempo, tratou de tirar um médio ofensivo, para colocar outro avançado em campo, e digo “outro”. Pensei para mim, que o futebol Português estava louco, onde estariam os treinadores portugueses, que faziam do ponto alto da sua carreira, o pontinho obtido num dos grandes palcos? Por outro lado, vi que estava ali alguém cheio de ambição, apesar de já não ser tão novo quanto isso, mostrava imensa força de vencer. O resultado esse, foi-lhe favorável, ganhou por um golo, mas teve à beira de golear. Tudo fruto das alterações “desavergonhadas” feitas pelo mesmo.
Talvez outras pessoas não tenham a mesma opinião que eu. Mas as opiniões servem para isso mesmo. Aliás, o mais recente treinador do Braga, talvez a mando de alguém “superior”, veio recentemente criticar este treinador, que os resultados obtidos por ele não eram nada de valioso, e que ele (Domingos) faria melhor. É caso para dizer que se tivesse mais Paciência não teria dito enorme asneira. Como tenho a certeza, que se fosse hoje, já não o diria. Saliento ainda, que tive vergonha, da prestação do “Meu Braga”, digo meu por me ter habituado a ver e deliciar-me com o futebol praticado pelos Bracarenses em épocas anteriores na UEFA, com esse senhor ao seu leme. E aqui está outro exemplo, de quem pouco fez para ter uma oportunidade, e já conseguiu provar que não a merece.
A Jorge Jesus, fica aqui uma palavra de apreço, independentemente do clube que treina, ou possa vir a treinar, porque certo é que a “sua” oportunidade fazia sentido em qualquer equipa deste campeonato. Provando, que muitas vezes é um desperdício, apostar em “gentes” vinda do mercado externo. Os meus parabéns Jorge, e obrigado por teres começado, já há muito, a ter mudado a mentalidade deste desporto em Portugal!!!

João Vasco Nunes

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