sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Juiz de Linha

Caso (s): Ora bem, a liga já se iniciou e com ela são “arrastados” inúmeros casos de arbitragem, ou talvez, inúmeras frustrações. Eu já havia pedido que para esta época, se trocasse os casos por golos, mas parece que estava redondamente errado. Os golos escassearam, e parece que todos os clubes têm razões de queixa já nesta fase prematura da época.
Nas hostes portistas, parece que o jogo da Mata Real provocou queixas de parte a parte. Na luz, foi a revolta total devido, dizem, à actuação do árbitro. O Sporting apesar de para o campeonato a exibição do “senhor do apito” ter sido elogiada, veio a provar esta revolta, para as competições europeias. Isto para não falar dos clubes mais pequenos, como por exemplo no Leixões – Belenenses, etc.… Ora, queixas, queixas e mais
queixas!

Quid Iuris?

Esta cultura derrotista, já está demasiado “entranhada” no nosso futebol. Cedo, já todos se fizeram ouvir. Existem até, algumas “publicações acéfalas” da Internet, que já ousam falar em esquemas, tramóias e afins… Enfim digo eu… Parece que tudo serve para esconder as frustrações clubistas, e o facto de esses clubes não conseguirem atingir os seus objectivos.
É certo, que na história recente do nosso campeonato, casos existem que fazem qualquer um ficar enervado ao ponto de partir (irracionalmente) a casa toda, ou de lançar alguns insultos, até ao mais antigo dos amigos. Seria mentiroso, se dissesse o contrário!
É certo também, que alguns destes erros decidem competições! E desde que me lembro de ser um “ser pensante”, me lembro também desses erros crassos dos “homens de preto”. E também posso afirmar, que nenhuma cor sai inculme a esta situação.
Por outro lado, e apesar de não poder deixar de pensar que alguns destes erros foram premeditados, também tenho que dar o benefício da dúvida aos próprios árbitros. E dou certamente, olhando para eles como pessoas, e não como o “objecto árbitro”. Ou seja, certamente existem também pessoas sérias na arbitragem, e nós adeptos, muitas vezes esquecemo-nos disso e partimos para as insinuações, muitas delas que acabam por ser uma forma de estereotipar.
Muitos de nós, não sabemos sequer o que é um apito, o quão difícil é ter que decidir um lance num segundo. Muitos dos que criticam, levaram a vida toda para tomar uma decisão, e mesmo assim talvez tenham optado pela errada… Mas quando o árbitro, num centésimo decide mal, todos os “elogios” são poucos para o classificar. E muitas dessas pessoas que criticam, nunca tenham estado, talvez, sobre a pressão de milhares de vozes… Nem de milhares de impropérios que lhes vão sendo dirigidos, ao longo dos anos. Muitos dos que criticam, talvez sejam daqueles que à primeira ofensa que lhes seja dirigida, são os primeiros a “arregaçar as mangas” para uma boa cena de pancadaria e pugilato. Mas os “pobres do apito”, nada disso podem fazer, apenas se têm que continuar a manter concentrados, o resto do jogo, sob o enorme coro de assobios. Pergunto eu se isto seria fácil para qualquer um dos leitores???
Esta linha de raciocínio, leva-me a algumas lembranças de infância. Tinha eu os meus 13 anos, quando me tinha dirigido ao campo do clube da minha terra (onde era atleta). Ia assistir a um amigável, entre uma selecção distrital do escalão acima do meu, e a equipa do meu clube, exactamente desse mesmo escalão. Fui convidado, pelo responsável do Dep. de Futebol Juvenil, a fazer de “bandeirola”, visto ser um amigável e não haver árbitros. Tudo dentro do normal, a não ser quando a meio desse mesmo amigável, dei pelos meus ouvidos a serem bombardeados, de todo o tipo de asneiras que conhecia, e que viria a conhecer mais tarde. Eram os pais dos “meninos” da selecção a meterem-se com um pobre rapaz, que nada mais cria que ir para casa descansado no fim do jogo. Nesse momento apercebi-me o quão difícil era aquela situação, é que as asneiras não me saíam da cabeça. E que mal tinha eu feito para as receber? – Pensei. Quando dei por mim, estava o jogo a decorrer e eu sem ponta de concentração… E este exemplo é numa escala mínima, visto de se tratar de uma assistência de 50 pessoas no máximo.

Sentença: Todos sabemos que por via da justiça, estes fantasmas de corrupção nunca desaparecerão. Logo teremos que ser nós (adeptos) a mudar algo. A fazer tábua rasa, deste preconceito, que temos perante homens, seres humanos, que semana após semana, tornam possível, que os clubes de todos joguem. Pois sem eles não haveria jogo. A não ser que voltemos aos primórdios deste desporto, onde os capitães de equipa decidiam entre si, as faltas e tudo o resto… Imaginam, por exemplo, o Bruno Alves a decidir com o Moutinho, a legitimidade, ou não, de um penalti???
Eu só posso dar o veredicto favorável aos árbitros, visto as leis do jogo estarem do lado deles. Se na lei está escrito que a “decisão do apito” é soberana, quem somos nós, para dizer o contrário? Se a última lei é o critério do árbitro, que podemos nós fazer? Aplicar o critério de todos os que, para além de treinadores de bancada, são árbitros de bancada?
Seria um enorme jogo de interesses!
Visto não poder-mos fazer nada em contrário, resta-nos melhorar a nossas cultura desportiva! Saber perder, aceitar o facto de o nosso clube alcançar ou não os objectivos, e seguir em frente… Os árbitros têm que ser desculpabilizados, principalmente pelo facto de nem serem ainda profissionais. A única coisa que lhes deve ser exigida é concentração! E depende de nós, o facto de a conseguirem ter ou não. É urgente deixar as críticas e principalmente as pressões, antes dos jogos, de lado.
Um árbitro pode efectivamente cometer um erro. Mas esse erro ocorre num minuto… Então e os outros 89 minutos. Será culpa dos árbitros à mesma???

João Vasco Nunes para Futebolartte

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