sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Futebol de Gabinete

A máquina do tempo

À conversa com Justiniano e segundo o ex-jogador do Sporting que, em 1986 assinara supostamente um contrato com o Vitória de Guimarães mas que, no entanto e como sucede não poucas vezes, acabaria por rumar ao FCP, esquecendo o “contrato de honra” que prometera aos dirigentes do Vitória, o clube que o mais impressionou, sem surpresas, foi o Futebol Clube do Porto. (Convém acrescentar que o clube do seu coração nem é o FCP).
Pensava eu, enquanto ouvia o Justiniano, o que devem pensar os sportinguistas e os benfiquistas disto, tendo em conta, acima de tudo, que este jogador nunca chegou a “vingar” no Porto e acabara por ser emprestado, primeiro ao Portimonense e, no ano seguinte, ao Famalicão. Contudo, o atleta afirma e reafirma que Pinto da Costa foi na altura e, segundo se ouve ainda, um dirigente de excelência ao serviço do FCP e do futebol português. Pegando em aspectos de gestão desportiva e procedimentos do clube, contava Justiniano, por exemplo que, aquando da assinatura do seu contrato de empréstimo para o Famalicão, o FCP que, segundo o acórdão, iria pagar metade do salário do jogador, o adiantou antes do jogador ingressar no clube. Os 14 meses, que raramente se pagavam na altura pelos clubes portugueses (segundo o mesmo) e aos quais o Porto era uma excepção, foram pagos em adiantado! Isto apesar do jogador nem ir alinhar pelo FCP nessa época. Vejo-me, por isso, no direito de pensar e arrisco-me na certeza de dizer que talvez nenhum clube português à data praticasse esta política de enorme respeito pelos direitos, vontades e mentalidade dos jogadores que, apesar de estarem fora da equipa, estão dentro do plantel e merecem igual tratamento que os outros, para além de sempre orgulhosos do clube pelo qual assinaram contrato e, como no caso do Justiniano, jamais esquecerão e para sempre recordarão o FCP como o clube “mais avançado no tempo”.
Posto isto e como diz o Justiniano, vemos hoje um exemplo do porquê de, há uns anos ainda recentes, o Porto ter 7 campeonatos e agora ter 24. É nestes pormenores que também se “faz” o futebol e, contrariamente ao que dizia o Rui Costa a semana passada (que quem ganha o campeonato é sempre a melhor equipa), eu digo que quem ganha mais campeonatos é sempre o melhor clube.

Jorge Manuel Honório

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