segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Canto Curto

“Olá chamo-me Fábio e desta vez venho para vingar”

Muitas das edições desportivas, aquando de um retorno de qualquer jogador emprestado à “casa mãe”, consideram-no como nova entrada, ou seja, como se também entrasse no lote das transferências.
Com o regresso de Fábio Coentrão à base, e após alguns jogos de preparação, essa noção de “reforço” tinha tendência a confirmar-se. Era realmente, um novo jogador que chegava ao Benfica. A semelhança entre o Fábio de há duas épocas atrás e o desta era praticamente nula. A não ser o seu brilhante pé esquerdo e a sua cabeleira loura.
Com o início dos jogos a sério, rapidamente Coentrão se transformou num dos mais decisivos jogadores do plantel benfiquista. Rápido a pensar e executar, nada egoísta em contraste com o passado e exímio a assistir. Sempre com Jesus em cima, a rectificar-lhe os movimentos, como se de uma relação Pai/Filho se tratasse. Jesus sabe bem que existe ali matéria por lapidar e um enorme potencial que pode levar o pequeno craque a ser um grande jogador.
Para além das suas qualidades técnicas que estão cada vez mais a sobressair, Coentrão ainda mostra uma enorme maturidade. Ora lembrem-se do jogo contra o Marítimo, que Fábio acaba como defesa esquerdo, sempre certo sem perder um lance.
Esta semana, apesar de não ter estado tão exuberante, e de não ter revolucionado muito o futebol encarnado com a sua entrada, ainda conseguiu juntar mais uma assistência à sua lista. Mas o que me saltou mais à vista, ontem em Guimarães, foi novamente o factor maturidade. Durante todo o jogo, assistiu-se a inúmeras picardias entre jogadores de ambos os lados. Assim que Fábio Coentrão rendeu Aimar, foram rápidos os Vimaranenses a entrar em contacto com Coentrão, tentando retirar algo mais de todas as disputas de bola com o Vila-condense. O jovem benfiquista respondeu sempre de igual forma, baixando a cabeça e afastando-se do local da falta ou da confusão. Nunca “disparando” qualquer tipo de palavra aos adversários. Isto sempre quando o jogo estava empatado.
Já no fim, e depois de o Benfica se ter colocado em vantagem, Nuno Assis provou do seu veneno, e com a ajuda de Fábio Coentrão. Apenas com um pedido de desculpa, conseguiu enervar Assis ao ponto de ver o segundo amarelo. Seguidamente, Fábio afastou-se da confusão, viu amarelo igualmente, e seguiu para o seu caminho. Ora isto como é óbvio não são situações de enaltecer, porque são o “extra-futebol”, mas serve sim para reparar nas diferenças entre o Fábio de hoje e o de ontem. Deixou de ser um rapaz inexperiente, para ter a cabeça sempre assente no recinto de jogo e a concentração necessária para poder vingar.
Já no último desafio dos sub-21, havia feito uma enorme exibição, sendo o maestro duma orquestra que conduziu sozinho. No dia seguinte, observando a selecção principal, reparava que por entre Eliseu e afins, o Fábio do dia anterior daria uma excelente opção a Queiroz. É com enorme prazer que se vê um craque a crescer, quando para mais é Português. Este Coentrão já não é o mesmo dos vídeos do Youtube, contra a Nova Zelândia no Mundial de sub-20.
Sabendo que futuramente, Jesus raramente deverá utilizar dois interiores tão ofensivos, para mais dois canhotos. Não faltará muito para este Fábio pôr em sentido Di Maria e a sua titularidade…

João Vasco Nunes

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