terça-feira, 4 de agosto de 2009

Patrício o herói de Enschede

Fantasma de Alkmaar bate Twente (1-1) em nova odisseia leonina




O Sporting conseguiu hoje, frente ao Twente, a passagem à próxima fase (1-1) após um golo “milagroso” nos instantes finais. Golo esse que contou e muito, com a colaboração do guarda-redes leonino, que subiu à área no ultimo lance da partida e cabeceou a bola, que acabara por ser ainda desviada para a baliza, por um Holandês. O resultado acaba por ser um alívio, visto o Sporting ter-se apresentado, muito lento de processos, numa exibição abaixo da média em todo o encontro. Uma exibição que acaba por ser agridoce.
Cedo os “Tuckers” se adiantaram no marcador (2”), com a torre Douglas a desviar com sucesso um pontapé de canto, batendo o seu marcador directo (Polga), que ficara muito mal na fotografia. Era uma entrada de rompante dos Holandeses, a imitar o que já tinha acontecido em Lisboa.
O Sporting, desta vez, despertou mais cedo, fruto também desse golo, alcançado madrugadoramente pelo Twente. Por volta dos 5 minutos de jogo, os leões tentaram esboçar uma reacção. Com Postiga na frente, Matigol no lado interior esquerdo do losango, e Yannick a dez, raras foram as investidas com sucesso, devido ao facto de o meio campo do Sporting raramente conseguir trocar a bola no pé. Aliás devido a esse facto, Paulo Bento cedo se viu obrigado a devolver Matías Fernandez à sua posição original, abrindo Djaló à esquerda.
O Sporting tentava chegar à área, ainda meio adormecido, mas o Twente não desarmou, e conseguiu mais um punhado de jogadas perigosas, sempre explorando as alas. Para isso contribuiu em muito, o pequeno “rato” Stoch, autor novamente de grande exibição, pondo a “cabeça em água” aos defensores leoninos.
Aos poucos, a partida que ao início até teve rasgos de intensidade, acabou por ir perdendo ritmo, o Twente adormecera o jogo, e o Sporting tentava perfurar a defensiva contrária, sem sucesso. Por esta altura, era Postiga o homem mais esclarecido do ataque leonino, tentado sempre que possível alvejar a baliza do Twente.
Até ao intervalo, o jogo seguiu neste sentido, com o twente a adpotar a estratégia de Alvalade. Jogadores atrás da linha da bola, mas desta vez, não deixando de tentar aplicar o seu contra-golpe. O Twente foi para os balneários em vantagem, e a exibição do leão, nada prometia, nem deixava esperanças aos adeptos.
Para o segundo tempo, Bento fez entrar Pereirinha, fazendo sair o “ainda” apagado Matigol, que tem estado muito aquém do esperado. Pereirinha nada de novo trouxe, e o jogo continuava ao ritmo “sonolento” da primeira parte, muitas vezes tornando-se quizilento. O Sporting precisava de um “rugido”, de mais chama para tentar alcançar o sucesso. Perto dos 65 minutos, Paulo Bento pôs a “carne toda no assador”, lançou Vukcevic, passando Veloso para a esquerda, e retirando o estreante André Marques. De referir, que Veloso foi mesmo o jogador mais esforçado, determinado e inconformado do Sporting, notando-se ainda mais isso, com a sua passagem para a lateral esquerda. Também entrara Caicedo, a trocar de lugar com Postiga. E foi mesmo o Equatoriano a conseguir abrir alguns espaços na defensiva contrária, apesar de ser rotulado de “possante”, o mais recente reforço leonino, acabou mesmo por ganhar alguns lances em velocidade. Por falar em ganhar lances, nenhum dos seus outros companheiros da frente, havia conseguido isso até à altura, com destaque para Liedson que está uma sombra de si mesmo, passando ao lado do jogo.
Nesta segunda parte escassearam as oportunidades, para ambos os lados, salvo rara excepção. Apenas de registar um lance em que Djalo aparece perto da baliza, e poderia ter sido muito mais pronto a rematar, preferindo tentar contornar um defesa Holandês, sem sucesso. Para o lado do Twente, apenas um lance em que Abel salva o Sporting de situação perigosa, e mais um com um remate um pouco perigoso por parte de Tioté.
À medida que o jogo se aproximava do fim, o Sporting ia conseguindo chegar mais perto da baliza oposta, essencialmente com trocas de bola rápidas pelas laterais. Adivinhava-se uma nova epopeia leonina.
No último instante da partida, eis que a sorte bafeja os leões. Num canto, onde já se queimavam os últimos cartuxos, Rui Patrício subiu à área. No meio da defensiva contrária distinguia-se um jogador de preto, e a bola parecia teleguiada para aquela zona, deixando a sensação, de quem assistia, que já havia visto aquela cena em algum lado. Patrício teve uma preponderância enorme, no meio da salganhada Holandesa, conseguindo que a bola levasse a direcção da baliza, e depois Theo Jansen encarregou-se de desviar a bola, e fazer o que os jogadores do Sporting não conseguiram nos 180 e muitos minutos da eliminatória.
O Sporting passou assim à próxima fase, tendo que fazer muito melhor, com os adversários mais fortes que aí vêm, se quiser entrar na fase de grupos da Champions.
O que é certo, é que apesar de pouco fazer para ultrapassar a equipa muito organizada do Twente, o Sporting acabou por merecer o golo obtido nos momentos finais, devido à capacidade de luta e de acreditar de alguns jogadores dos leões. Certo também é que em Alvalade parece morar algum ambiente Hollywoodesco, que consegue transformar jogos mal disputados, em grandes momentos da história do clube, coisa que não está ao nível de todas as equipas uma vez, quanto mais duas…

João Vasco Nunes

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