“Financial Fair Play” – Uma questão de paixão
Numa reunião, na semana passada, de várias instituições financeiras e desportivas ligadas, essencialmente, ao futebol, foi decidido que o actual “modelo de negócio” imperante teria de ser transformado. Foi, assim, que nasceu o chamado “Financial Fair Play”, uma medida que visa equilibrar e tornar mais justa a competitividade financeira entre os clubes europeus.
O “Financial Fair Play” tem como key drivers a limitação dos valores associados a contratações de jogadores, a aposta na formação de jovens jogadores e o desenvolvimento de mais infraestruturas desportivas como incentivo à prática desportiva. Com este novo conceito, nasceram determinadas regras como:
1. Impedir que os clubes gastem mais que o total de receitas geradas e aqueles que apresentem resultados operacionais negativos;
2. Controlar os valores pagos a jogadores em salários e transferências;
3. Controlar os níveis de endividamento dos clubes e promover a poupança e o desenvolvimento financeiro sustentável;
4. Limitar o número de jogadores em cada plantel, contribuindo para a redução de custos.
Curioso que, passadas 2 semanas da criação deste novo conceito, uma associação europeia de 100 clubes (Associação Europeia de Clubes – ECA) criou um órgão de gestão financeira no sentido de limitar as despesas dos grandes clubes europeus. Curiosamente é uma medida que se encontra envolta de grande cinismo e interesse alheio, já que o grande proponente foi Joan Laporta, o Presidente do Barcelona e adversário principal do Real Madrid!
Realce-se o positivismo associado a estas medidas e os esforços de mudar o futebol (pelo menos na Europa), medidas que já vinha reclamando há algumas semanas e concretizadas num artigo semanal que publiquei no Livre Directo: “Mudar o futebol” (última semana de Julho).
Apesar de estas medidas não terem, ainda, o alcance desejado e estarem muito aquém das medidas que propus, esperemos que este assunto não entre em esquecimento e que, futuramente, se possa envergar por uma área de interesse nacional, com prioridade a jogadores “da casa” e elevadas penalidades a clubes que, de livre vontade e no seu direito, não optarem por essa via.
Proponho, então, que se dê prioridade a 3 aspectos para mim essenciais ao equilíbrio da competição:
1. Plantéis de futebol com maior número de jogadores nacionais (8+3);
2. Comissões elevadas a clubes que contratem “fora de portas” nacionais;
3. Idade mínima de saída de jogadores para campeonatos internacionais (no caso de se consumar a saída, taxar fortemente essas situações).
Peço aos leitores que formulem as suas ideias e propostas, pois se viermos a ter soluções suficientes, prometerei lançar um manifesto com estas medidas.
PS: relativamente ao meu último texto tenho a acrescentar que parece que a “multi-milionarização” árabe está para chegar a Itália, onde já correm rumores de que Berlusconi estará a negociar com Khadafi participações no AC Milan.
Jorge Manuel Honório
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