quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Futebol de Gabinete

O mito sportinguista – Parte II

Um factor ainda mais importante e preocupante e que vai para além da performance do ano transacto, está relacionado com a situação de falência técnica em que o Sporting se encontra, pelo menos, pelo segundo ano consecutivo e agravada em cerca de 13.000 €. Daqui decorre a necessidade de obedecer ao artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, onde caberá ao conselho de administração deliberar, neste caso, sobre 2 hipóteses: 1) Dissolução da sociedade; 2) Realização de aumento de capital. Caso não se verifique um aumento de capital (pelo menos uns 20.000 € diria) e o clube comece a entrar em incumprimento, os credores (temendo pelos seus activos) poderão exercer o seu direito a um pedido de insolvência que, no caso de se concretizar por maioria, poderá levar o Sporting ao encerramento. Se, por um lado, parece um cenário irrealista e certamente os socialistas salvariam o clube da falência, por outro, é uma situação que, à luz das regras e código comercial CSC ( artº 35 – 4), é perfeitamente passível de acontecer.

É verdade que, comparativamente ao ano transacto, verificou-se um desagravamento assinalável na dívida bancária “circulante”, isto é, dívida bancária a pagar num prazo inferior a 1 ano. Uma redução de, aproximadamente, 26.000 €. Contudo, a dívida bancária de médio/longo prazo cresceu exponencialmente (cerca de 25.000 €), o que nos apraz concluir que não houve liquidação mas sim reestruturação e renegociação de prazos. Talvez o tão falado “Project finance”, que possibilitou melhor “folgo” mas que, todavia, não permitiu reduzir o montante efectivo de dívidas que o clube tem. Ainda mais, é sabido que a renegociação de prazos de empréstimos tem como contrapartida o aumento do custo desse capital: juros!

Num balanço geral da situação do clube de Alvalade, digamos que aliados a grandes problemas financeiros e de tesouraria (esta última menos agravada com a reestruturação de créditos bancários) e à inevitável falta de investimento no plantel, por via da escassez de meios, o Sporting arrisca-se a uma crise de contornos inéditos e irrecuperáveis e à consequente procura de uma “solução Qimonda”.

Afinal os factores conjunturais que se diziam atravessar o Sporting, durante tantos anos, não passam, afinal, de actualidades estruturais e gerenciais do clube. (a prova está no gráfico apresentado e que reflecte a péssima performance financeira em ano de participação na principal competição de clubes)

Mas quem sabe se o Khadafi não estará disposto a desfrutar de um belo sol e de uma bela mariscada!


Valores em milhares de euros












Jorge Manuel Honório

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