sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Futebol de Gabinete


O Modelo Português – um método adequado para a capitalização e competitividade no plano societário do futebol português - Parte I

O espectáculo que se vive e sente em torno de um jogo de futebol, propício à criação de felicidade em muitas famílias, ao convívio e jantares entre amigos e ao “escape” dos problemas que muitas famílias enfrentam hoje, com rendimentos pequenos ou desemprego em massa, mascara muitos problemas que a modalidade vive no nosso país. Assim como viver em Portugal será uma tarefa muito difícil nos próximos anos, também muitos clubes viverão momentos angustiantes nesta década, e não falo apenas nos pequenos clubes.

Torna-se então imperativo promover soluções que previnam muitos clubes de cair na bancarrota. É neste sentido que venho defender uma maior responsabilização das Ligas de Futebol Profissional pelo sucesso comercial na organização de eventos e torneios desportivos dos clubes, já que é óbvio que eles (principalmente) precisam de mais receitas. Assim o é que, em plena 1ª divisão, temos 2 clubes “anormalmente” fracos: um que não marca um golo há mais de 2 meses e outro que, durante a pré-época, teve mais de 30 jogadores à experiência no plantel. Não me venham dizer que, em contrapartida, estão muito bem de finanças porque não é verdade. Assim nunca se conseguirá atingir um patamar razoavelmente competitivo para com as ligas europeias (apesar destas também estarem em quebra).

Entendo que faltam gestores de qualidade no futebol em Portugal, parecendo-me a mim que ninguém credível quer assumir um cargo nesta área devido ao desprestígio e aos enormes “tentáculos” que são estendidos a cada novo presidente, dirigente ou secretário nomeado/eleito. Atravessamos uma crise de “gente” também no futebol português, com falta de receitas, com clubes em falência técnica uns por falta de capitalização, outros por excesso de alavancagem e tendo de recorrer a inúmeras engenharias financeiras para “atamancar” o problema, nunca se resolvendo o fundo da questão. Em função disto, os clubes mais pequenos apresentam-se com jogadores que nem na 2ª divisão inglesa ou espanhola seriam opção, factos que depois potenciam a promiscuidade política que, obviamente, afasta qualquer candidato sério à mudança num sistema onde apenas se progride à base de “luvas”. Os melhores, quando lhes pomos a hipótese de entrarem neste sector, simplesmente riem-se ou chamam-nos de malucos! Diz tudo…

O modelo societário que proponho não poderá nunca excluir a importância dum maior número de competições internas de forma a promover maiores receitas e exigindo que a Liga ignore os caprichos dos clubes (nomeadamente os grandes) sobre o excesso de competições em que se vêm envolvidos. Basta vermos que, pela verdade desportiva, ninguém se une para mudar as coisas mas por haver uma taça da liga já todos aparecem a criticar o Hermínio Loureiro.

Sendo obviamente certo que devem ser reunidas as condições indispensáveis ao bom espectáculo, entendo que em jogos de maior dimensão e com potencial superior de receita primária, o critério referente à utilização de infraestruturas (estádios, balneários, estado do relvado) devem obedecer a um patamar rigoroso. Uma hipótese seria a imposição, repito, imposição da utilização de “casas” emprestadas por outros clubes como se faz em Itália. É normal e aceita-se que, se a um clube de 1ª distrital lhe for sorteado um jogo com um clube grande, esse jogo não deverá ser realizado num campo pelado. São clubes de dimensão diferente, com profissionais contra amadores de part-time, habituados e necessitados aqueles de condições diferentes para a prática desportiva porque as suas profissões dependem do seu rendimento em campo e bem-estar físico após os jogos.

A ideia do modelo e as respectivas bases serão apresentadas no próximo sábado. Portanto e para começar, ultrapassem as barreiras emocionais se fazem favor, para bem do nosso desporto rei.

Jorge Manuel Honório

Ps: conhecidas as contas dos clubes no 1º trimestre da nova época, constatou-se uma triplicação do lucro do FCP em contraste com o afundar, ainda mais, dos prejuízos do SCP e do SLB. Isto demonstra que o facto de se oprimir tanto o FCP por estar em 3º (por enquanto) é uma visão bastante redutora já que está numa posição financeira bastante confortável e a remunerar os seus accionistas/clientes com produtos financeiros a pagarem 6% ao ano. Já o SCP está a afundar-se e, mais ainda, sem contratações dispendiosas. Acho que será desnecessário tecer algum comentário ou acrescentar mais ao artigo que publiquei à umas semanas…

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