sábado, 20 de novembro de 2010

Vitória de Setubal comemora hoje 100 anos


O primeiro clube nascido com a República celebra hoje a bonita idade de 100 anos, uma marca só ao alcance das grandes instituições. Com um século de vida, um museu recheado de troféus e a projeção de um dos emblemas que fazem a história do futebol português, o Vitória de Setúbal chegou mesmo a assumir o papel de quarto grande, quando nos anos 60 e 70 se imiscuiu no domínio representado por Benfica, Sporting e FC Porto. São desse período os maiores craques que passaram pelo Bonfim, casa de um clube que no século XXI voltou aos títulos – a Taça de Portugal em 2004/05 e a Taça da Liga em 2007/08 – e que na viragem do centenário tem um enorme desafio pela frente: construir um futuro no futebol nacional.

O presidente Fernando Oliveira não arrisca dizer que o Vitória vai durar mais cem anos. Nem sequer por mais um ano ele arrisca dizer algo assim...

«A situação é muito complexa. Não digo que seja intransponível, mas... O Vitória não tem nada. Está na estaca zero, ingovernável», admite Fernando Oliveira a A BOLA.

A questão é: como foi possível o clube chegar ao centésimo aniversário sem património e sem dinheiro? Quem se enganou nas contas?

«Eu fui o único presidente que nunca vendeu património. Nos últimos anos, o clube viu a conjuntura alterar-se, tornou-se mais difícil. Jorge Goes e outros a seguir, como Chumbita Nunes, equilibraram o barco com rendas antecipadas de uma empresa que era o principal investidor e parceiro do Vitória num grande negócio estrutural. Normal. Tem lógica. Se teria feito o mesmo? Se tivesse necessidade, se calhar não tinha alternativa. Só que agora essa possibilidade já não existe, esse investidor, não tem condições para financiar o Vitória. E o Vale da Rosa é uma realidade que, parece, não vai existir», adianta Fernando Oliveira.


A alternativa

O Vitória está, portanto, preso a um contrato que não anda e sem saber para onde se virar, a quem pedir.

«Sim. E além do mais eu entendo que o Vitória, se sair do Bonfim, arruína-se. Temos feito pequenas obras no Bonfim, gastámos agora 75 mil euros num relvado adjacente, melhorámos as condições para os miúdos na Várzea. Mas sair do Bonfim seria dramático, retiraria o clube da cidade e isso seria fatal. Não pode acontecer. Temos um projecto de remodelação do Bonfim e conseguiríamos quem nos ajudasse. Temos um plano, mas precisamos que as pessoas compreendam a nossa posição. Nós não queremos rasgar contratos, nem queremos dizer pelos jornais que vamos anular o direito de superfície cedido à Pluripar. Não queremos isso, mas já pedimos uma reunião à administração da Pluripar para colocar as cartas em cima da mesa, já a pedimos há dias e estamos à espera que a marquem. Também pedimos à presidente da câmara para patrocinar o encontro. Mas ou nos dão respostas ou tomaremos as nossas decisões. Porque se o nosso projecto não avançar o Vitória acaba», avisa o presidente.

Fonte: A Bola/Record

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